Não é de hoje que eu não deito no teu colo e te invento um soneto pra mostrar o quão importante você é pra mim. Não é de hoje que não emaranho meus dedos nos teus quando apenas quero que você fique. Não é de hoje que não seguro teu rosto com as mãos e olho bem dentro dos teus olhos pra dizer que te amo tanto. Que sempre te amei. Que sempre te quis. Que sempre deu. Que a gente sempre inventou. Que a nossa história é uma das mais bonitas.
Não é de hoje que a gente é desencontro, é tropeço. Não é de hoje que a gente não dá certo.
No entanto, também não é de hoje o quanto teus olhos brilham quando vêem os meus. Ou que há uma faísca visível quando a gente se toca. Não é de hoje que nossos corpos se encaixam milimetricamente perfeitos em toda essa imperfeição. Não é de hoje que eu habito teus pensamentos mais indomáveis, tuas noites mal dormidas e o lençol da tua cama. Não é de hoje que eu te seguro quando você cai e que você está comigo quando eu mais preciso. Não é de hoje que aquele eu te amo engasgado vem saindo dos nossos peitos. Não é de hoje que a gente tropeça em palavras tentando apenas entender o óbvio. Que também somos hoje e que com certeza seremos amanhã. Sempre.